Cutupi é um novo personagem do folclore brasileiro, criada pela autora e artista Júlia Malc em meados do século XXI.
Alguns dizem que ele surgiu pela magia de Curupira e Caipora, enquanto outros acreditam que nasceu em um dos brotos de Mentha piperita, planta importada pelos portugueses para ser comercializada no Brasil. No entanto, o que eles não sabiam era que de um desses brotos nasceria uma criatura.
Cutupi é uma criatura que tem aproximadamente 50 cm de altura, com o corpo coberto de pelos verdes e um cheiro de menta. Ele possui três olhos, sendo um deles capaz de ver no escuro, e quatro orelhas, que lhe permitem escutar conversas ou barulhos feitos pelas crianças. Cutupi tem o poder de transformar os sonhos das crianças malcriadas em terríveis pesadelos e de causar alucinações em adultos abusivos com crianças e mulheres. Ele se esconde em brinquedos, gavetas ou embaixo da cama e, para os adultos, disfarça-se como um velho anão.
A lenda conta a história de um menino de 11 anos chamado Pablo, que era malcriado com sua família e amigos. Ele xingava, quebrava objetos, maltratava animais, destruía a natureza e, principalmente, fazia mal ao seu irmão Francesco, de apenas 4 anos. Isso incluía quebrar seus brinquedos, estragar seus desenhos da creche e rejeitar seus presentes e carinho. Francesco, o caçula da família, era considerado um anjo por ser gentil, respeitar os animais e a natureza, e dar carinho à sua família, o que despertava ciúmes em Pablo.
Em uma noite escura, os pais dos meninos saíram para uma reunião e chamaram a vizinha, Dona Otávia, para cuidar das crianças. Ela preparou uma deliciosa janta, mas Pablo jogou a comida no chão, dizendo que ela era uma péssima cozinheira, o que a deixou muito triste. Na hora de dormir, Dona Otávia resolveu contar a lenda do Cutupi, mas Pablo achou a história absurda e não acreditou, ao contrário de seu irmão, que ficou tremendo de medo. À meia-noite, a casa estava em silêncio quando, de repente, Pablo ouviu uma estranha risadinha. Ao abrir os olhos, viu três luzes no escuro. Pegou sua lanterna e, ao acendê-la, deparou-se com a criatura, que tinha uma expressão de raiva. Cutupi disse a Pablo que ele era uma criança malcriada, que maltratava seu irmão em vez de amá-lo e não acreditara na história que Dona Otávia havia contado. Pablo ficou paralisado de medo, ouvindo o que Cutupi tinha a dizer.
Cutupi então o amaldiçoou, dizendo que, enquanto continuasse maltratando seu irmão, ele teria pesadelos. Essa maldição só terminaria quando ele aprendesse a ser uma boa criança.
Por muito tempo, Pablo teve muitos pesadelos, mas aos poucos começou a melhorar seu comportamento. Ele percebeu que, ao mudar suas atitudes, as pessoas se aproximavam mais dele e queriam ser suas amigas. Com o tempo, Pablo se tornou um bom homem e, sempre que encontrava uma criança malcriada, contava a lenda do Cutupi.
Da mesma forma, a lenda de Cutupi também alcançou Miguel, um homem cruel e abusivo, que maltratava sua esposa e filha com agressões verbais e físicas. Isso sempre acontecia quando ele chegava em casa após o trabalho. Certo dia, ao se aproximar de casa, Miguel sentiu uma estranha dor de cabeça e começou a ver sombras segurando cintas e indo em sua direção, gritando e agredindo-o. De repente, tudo escureceu. Ao acordar, ele estava em casa com sua esposa e filha, que o observavam com preocupação. Sua esposa explicou que um anão o havia encontrado desmaiado na rua e, ao ser levado para dentro, o anão misteriosamente desapareceu.
Ao longo do dia, Miguel continuou sendo rude com sua família, exigindo trabalhos domésticos e reclamando da comida que sua esposa havia preparado. À noite, com a dor de cabeça persistente, ele foi até a cozinha pegar um copo d'água quando ouviu sussurros estranhos vindos do lado mais escuro da casa. Ele seguiu as vozes e, à medida que se aproximava, os gritos aumentavam e as sombras que vira antes reapareceram, agora com expressões de raiva. Tudo ficou escuro novamente, e Miguel viu três luzes estranhas se aproximando. Era Cutupi!
A criatura, com seu corpo coberto de pelos verdes, seus três olhos brilhantes e o cheiro de menta, deixou Miguel incomodado. Cutupi disse que o observava havia muito tempo e sabia como ele tratava sua família. Miguel riu das palavras da criatura e tentou dar-lhe um soco, mas Cutupi desviou com facilidade, deixando o homem surpreso. O pequeno ser então advertiu que, se Miguel continuasse a maltratar sua família, teria alucinações do passado para o resto da vida. Assustado, Miguel prometeu tentar melhorar.
Na manhã seguinte, Miguel acordou com o sol entrando pela janela. Ele viu sua esposa e filha com expressões de medo e, tomado pela emoção, começou a chorar, abraçando-as e pedindo desculpas por todas as suas atitudes ruins. Ele prometeu que, a partir daquele dia, mudaria seu comportamento. Com o tempo, Miguel se tornou um homem bom e, sempre que tinha oportunidade, contava a lenda do Cutupi para seus netos, que ouviam atentamente as histórias de seu avô querido.
E assim é a lenda de Cutupi. Quem mais gostaria de ouvir?
Essa história ficou demais Ju! Que Cutupi esteja sempre protegendo as crianças e nós mulheres.
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