Em um bairro afastado
de uma pequena cidade do interior havia uma velha casinha de madeira,
aparentemente abandonada. Mas algumas pessoas já disseram ter visto uma criança
que de vez em quando aparecia ali na porta. Segundo relatos, essa criança
estava sempre com a cabeça coberta por um capuz azul. Alguns acreditavam que
era um menino. Outros tinham a impressão de ter visto uma menina.
Alguns moradores do bairro disseram que já tentaram levar comida e roupas àquela criança. Mas sempre que se aproximavam, ela desaparecia para dentro da casa e batia a porta com força. Outros relataram que jamais teriam coragem de chegar perto daquele casebre, pois juravam que já ouviram gritos vindos de lá. Aos poucos, toda a vizinhança conhecia diferentes histórias envolvendo a casa e a criança. Uns tinham medo, outros tinham pena. Alguns garantiam que ela não era deste mundo e que deveria ter ligação com o mundo das trevas, pois haviam a visto carregando uma pá em direção ao cemitério de madrugada.
Sem conhecer as lendas
que contavam a respeito da criança do capuz azul, um menininho que havia
acabado de se mudar com a família para aquele bairro, resolveu levar seu
carrinho
verde para brincar no terreno
da casa velha. Foi então que viu aparecer na janela alguém que parecia ter a
sua idade. Ele chamou: “Olá! Sou
novo nessa região. Quem é você?”. E assim que terminou a pergunta, a cortina se fechou. “Ele deve ser tímido”, pensou o
garoto. E insistiu, gritando alto perto da janela: “Ei, você? Quer brincar
comigo? Você é garoto? Não te vi direito...”.
Como não teve
resposta, o menino resolveu abrir a porta da casa. O rangido o assustou, mas ele
estava curioso demais para desistir de examinar o lugar. Na parte de baixo, não
havia nada além de entulhos e coisas quebradas. Parecia que a casa já havia
pegado fogo e aquilo foi o que tinha sobrado. “Oi! Você se escondeu de mim?”,
perguntou em voz alta. Mas não veio respostas. Então ele decidiu, com um pouco
de medo, subir as escadas. Ia bem devagar, mas o barulho da madeira velha era
inevitável.
Quando
chegou no andar de cima, aquilo que parecia ser o quarto da criança, era o
espaço mais aterrorizante que ele já havia visto de perto. Na parede, acima da
cama, uma frase reveladora, escrita em vermelho: “eu sou feito da escuridão”. O
menino não entendeu o que aquilo significava, mas sabia que não era uma
brincadeira divertida. Com o rosto pálido e olhos arregalados, saiu correndo o
mais depressa que conseguia.
Bem
na hora em que ia passar pela porta, viu a criança, impedindo sua passagem.
Agora estava sem o capuz. Ao ver sua face, o garotinho deu um grito. Uma semana
depois, quando a família estava desistindo de procurá-lo, um carrinho verde foi encontrado perto do cemitério,
rodeado de moscas.
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