Uma nova espécie foi encontrada no Japão e foi levada ao S.C.P. - uma fundação mundial que investiga objetos e seres estranhos, humanoides e lugares nunca vistos antes.
O novo ser foi levado a um laboratório para ser testado. Parecia algum tipo de inteligência artificial. Eles resolveram chama-lo de "SCP 000-A. Parecia com algum tipo de celular.
No dia seguinte, resolveram fazer um teste. Colocaram o objeto em uma sala vazia repleta de câmeras. Porém, não aconteceu nada. Um dia depois, resolveram colocar um humano na sala junto ao SCP para ver se objeto era seguro ou não.
Assim que o funcionário entrou na sala, ele escutou uma voz vinda de uma pequena caixa de som na parede: “por favor, aproxime-se do SCP 000-A, que está em cima da mesa e o ligue”.
O homem foi andando em direção ao celular que, ao ser ligado, mostrou na tela uma chuva de matriz, com letras e números caindo, como numa cascata tecnológica. Uma série de cabos foram lançados para fora da parte de trás do telefone e foram direto aos ouvidos do funcionário.
Ele virou os olhos, caiu de joelhos e depois derrubou seu corpo inteiro no chão. Teve toda a sua energia sugada pelo aparelho e em segundos estava morto.
Todas as luzes se apagaram e o objeto saiu andando como uma aranha de oito patas feitas de cabos. Rapidamente entrou pela ventilação e saiu pelo outro lado, onde se encontrava o laboratório. Lançou-se sobre a cabeça do cientista, sugando toda sua energia e o matando em segundos. Um som ensurdecedor tomou conta daquele lugar e toda a equipe de segurança foi acionada para ir em busca da criatura tecnológica assassina.
Ele estava fora de controle e começou atacar alguns dos seguranças que se aproximavam. Todos atiraram no celular assassino, mas ele segurava as balas rapidamente e as jogava em cima dos homens. Desesperados, eles saíram correndo pelas portas blindadas da fundação. Todos estavam a salvo, mas ficaram preocupados com a possibilidade daquele celular robô destruir os outros scps.
Então um dos funcionários mais antigo da fundação que conhecia todas as criaturas raciocinou: "amigos, eu sei qual SCP que pode destruir o 000-A. O 079 tem a capacidade de transferir seu software para qualquer dispositivo eletrônico. Ele pode obedecer nossos comandos e, quem sabe, até mesmo desativá-lo".
Então uma segurança, a mais corajosa de todos, disse queria entrar para pegar o 079. Todos acharam que estava maluca, mas não tinha outra escolha. Então ela colocou seu capacete à prova de balas, entrou na fundação, abriu uma grande gaveta com uma etiqueta onde estava escrito "SCP 079". Retirou o dispositivo e levou correndo para seus colegas.
Ao reprogramarem o 079, ele fala: "como posso ajudar vocês, seres humanos, que me deixaram preso aqui nesta gaveta por 100 anos. Acham mesmo que vou ajudar?"
Desesperados, os seguranças começaram a fazer todo tipo de promessa, porém ele não estava muito interessado. Até que um dos seguranças fez uma proposta irrecusável: "Que tal nós deixarmos você livre? Convivendo com os humanos?"
A máquina concordou e os humanos lhe deram alguns comandos. Os comandos foram dados e feitos. O celular foi formatado e todos os dados do 079 foram transferidos para o perigoso sugador de energia, que imediatamente foi desligado.
Aliviados, os seguranças retornaram ao instituto e trancaram aquele misterioso dispositivo na gaveta mais segura do local, pois ele foi considerado um dos mais perigosos SCPs. E o herói dessa historia, o 079, foi promovido a ajudante da humanidade - o primeiro com essa função.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2018
domingo, 9 de dezembro de 2018
O menino animal
Numa floresta repleta de pinheiros, onde de vez em
quando se escondiam os ursos, lá no hemisfério Norte, vivia uma criatura um
tanto peculiar: ele era metade menino e metade animal.
No lugar do nariz, ele tinha um focinho de lobo que o permitia
farejar; suas orelhas eram peludas e pontudas como de um felino; seus ouvidos
eram também muito potentes: ele conseguia ouvir sussurros a quilômetros de onde
estava; seus antebraços eram de ursos, fortes e peludos; seus olhos de águia o
faziam enxergar a qualquer distância; os pés de esquilo que o permitiam escalar
árvores e seus dentes afiando e fortes como de um lobo.
Num dia de primavera, a criatura passeava ouvindo as
canções dos passarinhos. Mas logo ouviu um som que era parecido com o dos pássaros,
mas ainda mais belo e agradável. Escondido atrás da árvore, viu uma espécie
mais bonita que qualquer animal que já tinha encontrado. Era uma jovem de
cabelos ruivos e de pele branca e macia. Ela estava colhendo flores e o animal
peculiar ficou observando-a. Logo percebeu uma coisa diferente dentro dele. Era
uma emoção que nunca tinha sentido. Sentia seu coração batendo mais rápido do
que o normal.
Então todos os dias passou a observá-la, escondido nas
árvores e nos arbustos, admirando sua beleza. Guiado pelo sol, ele havia percebido
que, sempre na mesma hora, a jovem vinha à floresta colher flores ou frutas.
Mas apesar de querer se aproximar da humana, ele tinha receio de que ela fosse
se assustar, pois sabia que sua aparência peculiar era muito estranha. E sim se
passaram vários dias, talvez meses. Em alguns momentos ele teve a oportunidade
de salvá-la sem que ela o visse, como a vez que ele desmanchou uma armadilha
construída perto das flores por um caçador que vendia peles de animal; ou outra
vez que algumas cobras passavam rastejando pelos arbustos e ele precisou
espanta-las. Antes da chegada da sua amada, o menino animal sempre verificava
se o local estava seguro, desviando animais peçonhentos.
Num dia, a jovem menina ouviu um uivo de uma raposa. Ela
foi verificar o que havia acontecido e, para seu desespero, viu uma raposa
presa e ferida em uma armadilha. Então ela não hesitou e imediatamente correu
em direção ao pobre animal e tentou tira-lo dali.
Foi então que, inesperadamente, veio alguém por trás e
agarrou seu pulso. E era o caçador.
- O que senhorita acha que esta fazendo com
minha presa? Eu preciso desse animal para ter mais dinheiro!!! - disse ele,
enfurecido.
A garota tentou pedir perdão, tentando se soltar das
fortes mãos daquele homem, mas ele não aceitou suas desculpas e nem a soltou.
– Você vem comigo mocinha - disse o terrível homem,
puxando ela com violência por entre as árvores.
A criatura, escondida, tinha observado tudo,
enfurecido e tomado pelo medo de que a sua musa fosse machucada e de que nunca
mais poderia vê-la. Então decidiu seguir o caçador, pois ele seria o único que
poderia salva-la daquele homem de coração de pedra, que queria ser milionário e
tinha a intenção de transformar a garota em sua própria escrava. Ele queria
alguém que arrancasse as peles dos pobres animais.
O jovem monstro evitava ir à cidade, pois ele sabia
que seria muito perigoso aparecer no meio dos humanos com sua aparência
horripilante. Mas, dessa vez, era diferente: valia a pena se arriscar. Então
ele foi pulando de telhado em telhado com tanta agilidade que quando as pessoas
percebiam algo estranho la em cima, era tarde demais para saber o que era
aquilo, pois ele estava longe. Até que ele chegou em uma loja de casacos de
pele por onde o caçador havia entrado com a menina.
De cima da construção, observou algo que lhe deixou
chocado e muito espantado com a maldade dos humanos. Nos fundos da loja havia
um local mais do que sinistro. Parecia um filme de terror. Vários animais
mortos jogados em um tanque de onde saía um cheiro insuportável de morte. Do
telhado da loja ele viu, com sua visão de águia, a jovem amarrada do lado de
fora de uma jaula onde estava presa a raposa e outros animais de sua espécie.
Mesmo com receio de assusta-la, ele desceu do telhado
e se escondeu na escuridão. Em meio àquela penumbra, a menina não conseguia ver
a criatura direito, apenas dois olhos brilhantes e que não pareciam muito
humanos. Antes que ela gritasse de pavor, o monstro sussurrou bem baixo:
-Não se apavore, veio aqui para te salvar.
A criatura se dirigiu até as gaiolas e cortou a corda
com suas garras. Quando a menina viu que estava solta, ela teve a oportunidade
de fugir, mas o caçador agarrou-a pelo braço e atirou-a no chão. Então ele
pegou o machado e disse, enfurecido:
- Achava que iria fugir de mim facilmente, senhorita?
Mas sabe o que vale mais do que peles de animais? É PELE DE PIRRALHAS COMO
VOCÊ!!!
O terrível homem levantou seu machado e na mesma hora
a criatura o atacou, arranhando e mordendo todo o seu corpo.
A jovem se escondeu atrás para não ver aquela cena
terrível. Quando acabou, o caçador caiu no chão morto e o monstro, com a boca e
os braços sujos de sangue, cobriu seu rosto com suas patas para que a garota
não o visse, pois sabia que sua aparência bizarra poderia assustá-la. A jovem
foi em sua direção e, comovida com o ato de bravura daquele ser, disse:
- Por que esconde seu rosto? Deveria estar
orgulhoso de ter me salvado desse homem horrível.
- Não olhe para mim. Eu não sou como você,
embora desejasse mais que tudo ter a aparência de humano – respondeu o
monstrinho.
- Do que você está falando? - disse a menina,
chegando mais perto para tentar ver quem com quem ela estava conversando - Você parece tão humano quanto eu. Veja essas
mãos delicadas.
- Mãos? - surpreendeu-se ele - O que eu tenho
são garras!
E nisso, ele percebeu que a textura de suas patas,
sempre tão fortes e com unhas afiadas, parecia diferente. Parecia mais suave,
mais delicada. Então retirou as patas do seu rosto e, para a sua surpresa, o
que agora ele via eram mãos. Mãos pequenas e lisas de um garoto de 14 anos.
- Não estou entendendo – disse ele, passando as
mãos sobre o rosto, que também parecia liso e muito diferente daquele que ele
estava acostumado a sentir.
A menina ficou observando, intrigada, àquela
descoberta que estava deixando o seu herói tão confuso.
- Você não só é humano, como é muito bonito –
disse ela, em voz baixa, um pouco envergonhada.
Foi então que ele descobriu que no dia em que salvasse
um humano, deixaria de ser aquela estranha colagem de animais. O menino nunca
tinha percebido que cada parte do seu corpo era modificada sempre após salvar
uma vida na floresta. Foi assim que ele ganhou habilidades de tantos animais.
No entanto, a transformação em humano foi a mais completa, pois além de salvar
alguém, ele estava, pela primeira vez, apaixonado.
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