Histórias de uma garota sinistra
sexta-feira, 18 de novembro de 2022
Uma noite entre as estrelas
Numa noite e estrelada na floresta, uma jovem mulher observava as estrelas com um telescópio, mas mal sabia que uma criatura de olhos vermelhos estava a observando. Quando Suzan foi guardar seu telescópio, ela ouviu um som de um galho quebrando. Quando se virou, viu o terrível Homem Mariposa. E ela ficou tão assustada que correu para a barraca. De dentro da barraca, ela observava com pavor aquele homem mariposa que contemplava as chamas da fogueira. A mulher percebeu que ele não era tão perigoso, e resolveu se aproximar. Quando chegou perto do homem mariposa, Suzan viu que ele estava observando a luz e então ela pegou um saco de marshmallows e assar um na fogueira. Ele observou Suzan tirar dois Marshmellos da sacola. Quando terminou, ela deu para Maison provar. E ele gostou tanto daquele doce, que fez suas antenas subirem, o que fez a jovem rir, o homem mariposa abriu sua asas para esquentar Suzan; que fez ela corar, e por causa disso ela se aconchegou em seu ombro. Então eles entraram na barraca e… você já sabe. E na quela noite os dois dormiram juntos e Maison usou suas asas como cobertor. E eles dormiram até o amanhecer
segunda-feira, 19 de setembro de 2022
A criança pálida
Em uma pequena casa, vivia uma doce criancinha de sete anos chamada Abby. Parecia que tinha uma vida perfeita, mas dentro de casa era diferente. Seus pais nunca ligavam para ela, sempre a maltratavam quando quebrava algo ou quando não fazia seus deveres direito.
Numa noite de tempestade, Abby estava fazendo um desenho para seus pais, mas quando foi procurá-los, ela acidentalmente quebrou um vaso, chamando a atenção deles. Furiosos, trancaram Abby no porão, onde ela ficou várias semanas sem comer.
Depois de todo este tempo, quando finalmente foram ver a sua filha, ela estava deitada no chão, esquelética, pele pálida e sem vida. Para não chamar a atenção da polícia, o casal resolveu esconder o corpo no sótão.
Passaram-se dias, até que o marido ouviu o telefone tocar. Ao atender, ouviu chiados estranhos na ligação e depois uma voz falando: “olá, papai. Você e a mamãe querem brincar comigo?”.
Apavorado, o homem desligou a ligação. De repente, ouviu gritos vindos do quarto e, ao chegar, viu que sua esposa não estava mais lá. Assustado, sentiu algo atrás dele. As luzes se apagaram completamente por toda casa e o que sobrou foi um grito de horror.
Durante alguns anos, casais e pais misteriosamente começaram a desaparecer. Alguns dizem que foram levados por um espírito de uma criança, outros falam que foram assasinados.
A lenda fala que à meia-noite ela invade as casas de famílias para substituir seus falecidos pais. Para não ser pego, precisa sobreviver do jogo favorito dela: "Gato e Rato".
Às 6 da manhã, a criança pálida vai embora, mas se falhar na brincadeira, ela leva as vítimas até a casa onde nasceu e as deixa presas com seu espírito para sempre.
quinta-feira, 5 de maio de 2022
O Risonho
Em Santa Catarina tem um parque de diversões muito conhecido no Brasil chamado Beto Carreiro World. Por ser um parque de diversões e cheio de atrações, é um lugar mágico, cheio de alegria, crianças brincando e famílias se divertindo. Porém, dentro desse mundo de alegria há uma história obscura. Nos anos 90, João Batista Sérgio Murad, o fundador do parque, contratou um jovem palhaço, conhecido como Risonho. Seu nome verdadeiro era Eduardo, um rapaz de São Paulo que se mudou para Penha (Santa Catarina) em busca de uma oportunidade de trabalho. Durante anos Risonho foi a atração principal, pois seu talento era impressionante fazendo todos os visitantes rirem de suas palhaçadas e piadas. Sua alegria era contagiante! O talento de Eduardo despertava muita inveja em seus colegas, especialmente em Carlos, um palhaço que fazia parte da equipe e contracenava com ele em todos os shows.
Certo dia o grande Risonho estava elaborando um show, mas mal sabia que seria seu último projeto. A chuva já havia parado e o parque seria aberto, quando seu colega Carlos entrou em seu camarim com uma pistola e apontando disse cheio de raiva:
- Olá Eduardo!!!
Eduardo sem entender achou que o colega estava brincando:
- Isso é uma das arminhas falsas que estava falando? Podemos usar isso para alegrar as crianças.
- Deixa de ser idiota, cansei de ouvir suas piadas irritantes, não sei por que você é atração principal. Enquanto estiver aqui não olharão para mim como eu mereço, mas vou acabar com isso agora!
Não deu tempo do palhaço inocente falar, pois o único som foi um tiro que apagou para sempre o sorriso de Eduardo.
Já era madrugada e Carlos resolveu esconder o corpo na Casa dos espelhos, onde ninguém o encontraria, pois era um brinquedo abandonado que ficava numa parte esquecida do parque.
Ninguém soube o que aconteceu com Eduardo e aos poucos ele foi sendo esquecido. Seu desaparecimento sempre foi um mistério. Com o passar dos anos houve estranhos acontecimentos, todos no mesmo local.
Tudo começou onde os dois palhaços dormiam... Ao final do dia, Carlos estava bebendo vodka e isso virou um vício, desde que assassinou seu colega, quando ouviu estranhos risos vindo de fora. Foi até a janela para ver quem estava rindo, mas não viu ninguém, pensou que tinha bebido demais e resolveu tomar um banho. Ao sair, viu uma mensagem macabra escrita no espelho: Lembra de mim parceiro?
E na mesma noite um grito se espalhou por todo o parque. Seus colegas ouviram que o som tinha vindo do motorhome de Carlos e correram em direção a ele. Ao abrirem a porta, viram uma cena macabra: Carlos estava morto, caído no chão, coberto de sangue e com um sorriso largo em seu rosto. Esse caso virou manchete e ficou conhecido mundialmente como Sorriso da Morte.
Meses e anos se passaram e acontecimentos semelhantes surgiram naquele local, o mistério nunca foi desvendado e o assassino descoberto, mas há boatos de um vulto de um palhaço sorrindo, próximo aos brinquedos abandonados de onde tudo começou. Conta lenda que o fantasma do Risonho, perambula por todo parque atraindo suas vítimas para seu local preferido: A Casa dos Espelhos.
quarta-feira, 6 de abril de 2022
A grande inspiração
Nesta história um jovem artista viaja para o mundo das artes em busca de inspirações para criar sua primeira obra.
Eliot, um rapaz de 24 anos, estatura média, cabelos ruivos espetados, sardas, com heterocromia, e andava sempre com camisetas Tie Dye
Eliot sonhava ser um grande artista, e sabia que para isso precisaria ter uma perfeita inspiração. Desde que começou seu trabalho, fez muitas artes, mas nenhuma o impressionou. Certa noite Eliot estava exausto de tanto pintar e buscar ideias que surpreendesse e acabou dormindo em seu ateliê.
De repente tudo começou a tremer e as tintas das bisnagas começaram a sair inundando a sala, os pinceis e os quadros começaram a flutuar como na história de Peter Pan, Eliot não sabia o que estava acontecendo era muito confuso, no entanto aquilo continuou e apenas observava os seus materiais fazendo um redemoinho, quando se deu conta, estava dentro desse espiral de tinta e tudo rodando. Quando tudo parou, o rapaz viu que estava numa sala antiga cheia de pinturas, cavaletes e tintas e um homem de costas pintando uma mulher. Ao se aproximar reconheceu a obra e disse:
- Você está fazendo uma réplica da Mona Lisa?
- Do que está falando rapaz!
Nisso o jovem ficou de boca aberta ao perceber que era Leonardo da Vinci.
- Aí meus deuses, Leonardo da Vinci em carne e osso?!
- Como sabe meu nome, e como entrou aqui?
- Meu nome é Eliot, e ouço falar de você desde criança, e essa é a obra mais famosa de todo ocidente.
- Meu jovem, não sei do que está falando, mas este nome... É bem interessante para nomear minha obra. Afinal, quem é você e o que faz aqui?
- Como eu tinha dito, me chamo Eliot sou um artista igual a você, busco uma inspiração perfeita, mas não encontro nada.
- Meu caro Eliot lembre-se: “A beleza perece na vida, mas é imortal na arte”.
E num piscar de olhos, viu que estava em outro lugar. Estava cheio de quadros feitos com tinta óleo e cores vivas, e naquele momento não só reconheceu as artes e a mulher de cabelo escuro acabando de assinar seu nome.
- Tarsila do Amaral!!
A artista se assustou ao ouvir aquela voz alta.
- Jesus garoto, quer que eu infarte?! E como raios entrou aqui?
- Me perdoe por ter te assustado, meu nome é Eliot, eu ouvi falar muito de você aos 16 anos. Sempre sonhei conhecer a senhora pessoalmente, sou um artista em busca de uma grande inspiração.
- Meu caro Eliot o que eu posso dizer é que “Eu invento tudo na minha pintura. E o que eu vi ou senti, eu estilizo”.
Num piscar de olhos novamente, Eliot estava em outro lugar,mas com pinturas diferentes, com cores fortes e vibrantes que retratavam muito sofrimento.
Ao olhar em volta, viu que o local estava decorado com caveiras coloridas, bandeiras personalizadas na porta
- Caveiras coloridas? Bandeiras personalizadas? Só posso estar no México e próximo do dia De Los Muertos. Se estou no México, esta casa dever pertencer a...
De repente o jovem artista vê uma mulher chorando enquanto pintava, e foi aí que a reconheceu.
- Frida Kahlo!!!
- Quem é você rapaz e como entrou na minha casa?
- Eu sou Eliot, um amante da arte, estou emocionado em conhecê-la. Vou contar como cheguei aqui, mas acho que você não vai acreditar. Eu venho do futuro do ano de 2022 e busco uma grande inspiração para ser um grande artista, será que poderia me ajudar?
- Eliot o que eu posso dizer: “Apaixone-se por você. Pela vida. Depois, por quem você quiser. Eu sou minha única musa, o assunto que conheço melhor”.
E neste exato momento, o artista acordou de volta ao seu ateliê e ao lembrar de sua bizarra experiência, sentou-se em frente de seu cavalete. Ao olhar a tela branca começou a registrar sua grande inspiração.
Passaram-se 6 anos e sua arte foi reconhecida mundialmente. Certo dia, Eliot recebeu um convite para expor suas obras no Museu do Olho em Curitiba no Paraná.
Naquele dia todos da cidade vieram apreciar sua exposição, e ele ficou orgulhoso consigo mesmo e neste momento uma garotinha se aproximou dele:
- Você é o Eliot o grande artista do Rio de Janeiro, e responsável por essas magnificas artes?
- Olá garotinha, sou eu mesmo, fico feliz que goste da minha arte.
- Quando crescer quero ser artista como você, mas qual é o segredo desse grande sucesso?
- Pequenina, antes de fazer minha grande inspiração conheci grandes artistas, mas uma me chamou mais atenção e ela me disse: “NÃO SE IMPORTE COM A PERFEIÇÃO, POIS ELA NÃO EXISTE NA ARTE. A VERDADEIRA PERFEIÇÃO É VOCÊ”. – Júlia Malc Barbosa. Ouviu falar sobre esta jovem artista?
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022
Uma estrela chamada Toby
No momento que conheci os Barbosa, era véspera de Natal, estava meio nervoso de conhecer uma nova família. O lugar parecia um palácio com aquelas luzes piscando numa árvore e os enfeites vermelhos e verdes por onde eu olhava.
Naquele dia me diverti muito, recebi carinho e amor, mas tinha uma garotinha que sempre ficava ao meu lado, ela se chamava Júlia. Ela tinha cabelos castanhos e cacheados, olhos com a cor da terra, pele clara como da Branca de Neve e cheirava a morango. Júlia era como uma mamãe, ela passeava comigo, me alimentava, inclusive me dava pedacinhos de pizza, cenouras e pão. Eu adorava quando fazia isso! Tinha também dois adultos, e Júlia sempre os chamava de mãe e pai. Josiane era a dona do palácio, era uma mulher alta, cabelos curtos, olhos castanhos e esverdeados e sempre com seus óculos magníficos. Ela era meio mandona e sempre estava de olho em nós dois, principalmente quando a gente aprontava ou quebrava as coisas, mas sabíamos que era por amor. Janiro era um homem barbudo, e cabelos pouco escuros, também usava óculos. Era engraçado e alegre, e Júlia sempre ria quando inventava uma brincadeira ou quando escrevia umas músicas para ela. Ele tocava violão muito bem, e quando começava eu entrava no paraíso das melodias.
Algumas vezes no ano, principalmente quando a Júlia não ia para a escola, nos sábados e feriados, íamos para um lugar incrível que chamavam de praia. Quando eles arrumavam as malas eu ficava seguindo, esperando que arrumassem as minhas, afinal nunca deixaria meu paninho e meus brinquedos, o cachorrinho roxo era meu predileto, porque falava comigo quando eu o mordia, mas com amor. Malas prontas, viagem à vista. No caminho, meu tapetinho esperava para tirar um cochilo. Chegando lá entravamos numa casa grande, não havia elevador, portaria, salão de festa e tinha uma coisa que eu amava: uma poça enorme azul que depois descobri que chamavam ela de piscina. Quando a gente andava de bicicleta, eu ia na cestinha marrom da Júlia, sentido o vendo tocando no meu pelo, como era bom sentir essa sensação, mas o melhor estava por vir. Era um lugar cheio de areia e água, aonde todo mundo ia para descansar, tomar sorvete, nadar, construir castelos de areia e tomar banho de sol: a praia. Lá a gente celebrava aniversários e datas comemorativas, mas tinha uma que me dava arrepios, pois era barulhenta e sempre acontecia todos os finais de ano: Ano Novo.
Quantos momentos passamos juntos e felizes, eu tinha orgulho de fazer parte daquela família, ela era a minha família. Numa certa noite eu estava me sentindo estranho, cansado, fraco, sem fome e sede, eu achei que passaria logo então resolvi ficar quietinho, só observando minha família, tendo planos para o ano e sentido como eu amava cada um deles. Mas aquela sensação não passava e Júlia foi a única que percebeu meu estado e chamou seus pais para me levarem para o médico. Os dois também eram médicos, mas só cuidavam de pessoas, então eu fui. Ao ver o médico segurando aquela seringa me deu até um alívio, pois sabia que iria ficar tudo bem, afinal sempre foi assim, mas desta vez foi diferente. Quando fechei os olhos ficou escuro, e quando abri eu estava num gramado florido e atras tinham vários cachorros brincando alegremente e um deles foi até mim, ele era alto, coberto de pelos brancos e encaracolados. E me disse:
- Olá Toby, é um prazer conhecê-lo pessoalmente, eu já te conheço, mas você não sabe quem sou, então vou me apresentar: Eu me chamo Nico Malc Barbosa.
Fiquei pensando, eu também sou um Malc Barbosa! Não entendia o que estava acontecendo. Mas Nico continuou falando.
- Eu sei, também fiz parte desta família por 7 anos e conheci a Júlia quando era um bebezinho, e foram ótimos momentos. Você deve estar meio confuso, mas deixe que eu explico melhor.
Neste momento, perguntei que lugar era aquele e onde estava a minha família, queria voltar para casa. Nico então me levou para casa, o céu estava nublado e ouvi choros, mas por que choravam daquele jeito? Eu tentei chamá-los, porém não ouviam, parecia que eu estava invisível. E foi neste momento que percebi o que estava acontecendo. Queria que fosse um pesadelo e logo eu acordaria para aliviar aquela dor. Foram dias tristes, e sabia que era por minha causa. Queria que eles soubessem que eu estava bem e o lugar onde eu estava tinham com árvores, flores e praia, tudo que a gente gostava. Ao passar dos dias, fiquei observando-os e tentando aliviar a dor, e numa sexta feira tarde a casa se alegrou novamente, pois meu papai, fez uma surpresa: Nino chegou!
Este filhote é da mesma raça que a minha e até um pouco parecido comigo, mas é diferente, pois faz bagunça pela casa toda, mas logo ele vai aprender, afinal de contas esta família sabe ensinar com muito amor. E tenho certeza de que este rapazinho vai cuidar bem deles e eu estarei sempre junto.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022
O amor intocável
Há muito tempo na floresta Amazônica as flores e as árvores nunca morriam, estavam sempre coloridas, os frutos maduros para alimentar os animais que viviam por lá até a chegada do Anhangé.
Samaúma, a árvore mais alta da floresta que mede entre 60 e 90 metros de altura, é considerada a rainha da Amazônia e mãe de Potiara, a deusa das Flores. Certo dia, Samaúma percebeu que em um de seus galhos tinham muitas flores diferentes das que costumava ver. Passou dias e dias observando aquelas flores até que uma luz apareceu entre elas, e uma bela jovem de cabelos floridos e coloridos, com olhos brilhantes da cor das folhas, surgiu. Samaúma ficou emocionada ao ver tanta beleza em seus galhos e logo agradeceu a Tupã pelo presente recebido. A jovem foi nomeada de Potiara que na língua indígena significa flor graciosa, pois Potiara significa flor e Ayra graciosa. No início do Planeta Terra, só existia verão e inverno, e com o nascimento de Potiara, Samaúma percebeu que entre as duas estações, a Floresta Amazônica ficava mais colorida, cheia de flores e de vida, borboletas voando e pássaros cantando. Foi assim que surgiu a Primavera.
Enquanto isso no submundo Anhangá, o deus do mundo inferior, começou a se incomodar com a nova estação, pois ela trazia alegria ao mundo dos mortais os quais, Anhangá não conseguia levar para seu mundo. Pensando em uma solução de como trazer mais almas da litosfera, nasceu Anhangé que ficou conhecido como Ceifador. Seu nome é uma mistura de Anhanguera que significa fantasma e Bagé solitário. Anhangé surgiu de uma montanha de ossos que saía de fumaça preta dos crânios de animais que ali se encontravam. O jovem imortal sempre pensava como era o mundo dos vivos, mas seu pai nunca o deixava ir, pois acreditava que seu filho ainda precisava aprender como o mundo superior funcionava. Com o passar dos anos chegou a hora tão esperada: Anhangé conhecer a terra dos mortais.
Ao chegar, ficou surpreso de ver tanta beleza, tantas cores e alegria, afinal seu mundo era escuro, sombrio e triste. Enquanto ouvia os pássaros cantando, percebeu que algo se aproximava e resolveu se esconder nos arbustos. Ficou por horas observando a beleza e delicadeza daquele ser que por onde caminhava, mais flores surgiam. De repente, Anhangé se desequilibrou quebrando alguns gravetos o que chamou a atenção da deusa, que ao se aproximar do arbusto, percebeu que ele estava seco e sem vida e achou estranho, afinal isto nunca havia acontecido desde seu nascimento.
Quando se aproximou, Potiara se assustou ao ver aquele rosto branco em formato de caveira, olhos azuis claros e brilhantes,olhando fixamente para ela, pele escura como as cinzas e cabelos lisos e brancos. Rapidamente Anhangé cobriu seu rosto com vergonha por tê-la assustado, porém a doce imortal chegou perto do Ceifador dizendo que não precisava ter medo ou vergonha querendo saber de onde ele vinha, pois nunca tinha o visto por aquelas matas.
Anhangé, que ainda não se sentia seguro em falar de sua origem, propôs a Potiara que lhe apresentasse a beleza da floresta e os dois caminharam e conversaram até a noite chegar. Ele ficou maravilhado ao ver as estrelas e a lua brilhando no céu e se perguntou: por que seu pai nunca tinha falado da beleza desse mundo? O deus do submundo sempre dizia que lá em cima só tinha alegria em vez de tristeza e tortura, haviam flores ao invés de ossos, haviam cores ao invés de escuridão e havia vida em vez da morte. Por que então era tão ruim? Anhangé não conseguia entender por que seu pai odiava tudo aquilo, e por alguns instantes se sentiu culpado de estar amando aquele mundo e pior, de estar apaixonado.
Por dias e dias os dois se encontravam na mesma hora e no mesmo local e ficavam conversando e rindo de suas histórias e brincadeiras até que Anhangé resolveu presentia-la com uma flor que tinha visto, mas quando a tocou, ela secou rapidamente e ao se assustar, deu um pulo de susto tocando em uma árvore que apodreceu no mesmo instante. Foi aí que Anhangé percebeu que o toque dele poderia destruir a floresta e logo se entristeceu, porque jamais poderia tocar em seu amor.
Ao amanhecer, Potiara esperou o Ceifador, que não apareceu e isso a deixou preocupada, então resolveu procurá-lo. Ao caminhar pela mata, percebeu uma trilha de flores e folhas mortas e sempre muito curiosa, resolveu seguir a trilha que acabava na Pedra Pintada. Essa pedra é uma das mais antigas da Floresta Amazônica e possui arte rupestre, que são desenhos feitos pelos homens primitivos. Quando tocou nas pinturas, um portal se abriu, ela entrou e rapidamente a passagem se fechou. Começou a ouvir gritos e choros e quando viu o outro mundo com seus próprios olhos ficou aterrorizada: tudo era escuro, chamas roxas por todo lado, um rio cheio de almas sofrendo e pedindo ajuda e demônios assustadores com risadas macabras. Será mesmo que Anhangé viveria naquele lugar, pois ele era tão gentil e doce?
Ela continuou a caminhar em busca de seu amado e finalmente o encontrou sentado numa pedra próximo ao Rio das Lamúrias. Quando Anhangé a viu, ficou assustado e pareceu não acreditar no que estava em frente aos seus olhos. Ele se levantou da pedra e foi até ela dizendo que não deveria estar ali, que era um lugar perigoso e que seu pai não poderia vê-la senão sugaria sua alma e ficaria presa para sempre naquele lugar sem vida.
Potiara, com as lágrimas nos olhos, disse que estava apaixonada e que aceitava correr o risco se fosse para ficar com ele.
Cheia de empolgação, a deusa das Flores o beijou em seus lábios e ele completo de amor retribuiu. Ao abrir os olhos viu sua amada completamente pálida, sem seus belos cabelos floridos e magra como um graveto seco. O filho do Submundo ficou desesperado e a abraçou. No mesmo, instante, o que restava de Potiara virou pó e se formou um redemoinho que subiu ao mundo dos mortais. O Ceifador começou a chorar, o que causou uma enorme tempestade no mundo dos mortais, deixando toda a Amazônia alagada e fazendo os animas se assustarem com os raios, ventos e trovões. Quando a tempestade terminou, ainda estava noite e uma linda flor surgiu no meio do caos, próximos aos pés de Anhangé.
Ele percebeu que sua amada deusa tinha se transformado em uma bela flor, ao qual deu o nome de Dama da Noite. Depois desse acontecimento, o Ceifador passou a sair do submundo todos os dias nas madrugadas, para visitar sua linda flor, porém ela só florescia uma vez ao ano no final da primavera e início do verão. Anhangé, mesmo sabendo disso, continuou a visitar sua preciosa deusa florida, esperando que se abrisse para ele.
E assim termina a linda história desse amor intocável!!!
quarta-feira, 8 de dezembro de 2021
O duende travesso
Há muito tempo em uma grande floresta, viviam várias criaturas mágicas, todos viviam alegremente, os gnomos coletando lindas flores, as fadas brincando no ar, as árvores cantando felizes, cogumelos saltitando de lado para outro e borboletas brilhando nas sombras.
Mas em uma casinha velha de madeira, vivia um pequeno duende chamado Guby, que adorava fazer enormes travessuras, como colocar formiguinhas nos gorros dos gnomos, estourar bombas de fumaça escura no jardim das fadas, pular em cima dos cogumelos, assustar as borboletas e fazer desenhos horríveis nos cascos das árvores falantes.
Num dia, Guby estava descansando na arvore comendo uma suculenta amora, até que no mesmo instante um gnomo de gorro azul segurando uma cesta de amoras chamado Blue resolveu se aproximar e disse:
-Você está passando dos limites, se você continuar com isso vai ter uma encrenca das boas!
Ao ouvi estas palavras, o duende ficou tão bravo que jogou uma amora gigante no gnomo que fez ele se sujar todinho e falou furiosamente:
-Escute aqui seu gnomo azul, eu faço o que eu quero, na hora que eu quero e com quem eu quero! Para de ser estraga prazeres e volta para seus amiguinhos!!!
-Escute o que eu estou te dizendo: você vai se arrepender!
Blue foi embora todo sujo e de cabeça baixa.
O verão tinha chegado, e Guby andava assobiando pela floresta quando resolveu aprontar mais uma. Tinha avistado uma árvore e sem pensar foi até ela para desenhar em seu casco, e começou a traquinagem. Quando terminou ele começou a rir, mas mal sabia que um camaleão estava na árvore cochilando e ao ouvir as risadas acordou muito zangado e se aproximou do duende.
Guby parou de rir quando sentiu uma bufada em suas costas, e ao se virar, ficou cara a cara com a criaturinha. Ele começou a rir muito do tamanho do réptil, de repente o camaleão se transformou em um dragão com asas que cuspia fogo arco-íris deixando o duende sem palavras. Guby no mesmo instante, começou a correr gritando de pavor:
-Me acudam, me acudam! Tem um dragão querendo queimar a floresta!
A criatura de asas começou a segui-lo, e de repente Guby parou num lugar sem saída. Ao ver o terrível réptil se aproximando, o pobre duende começou a chorar e no mesmo instante o camaleão falou:
-Hey, relaxa não vou te machucar. Só queria te assustar, assim como você faz todos os dias com os outros da floresta.
Guby ficou aliviado ao ouvir o que o dragão lhe disse e perguntou:
-Sério? Você não vai me machucar e nem rir de mim, por ter me assustado?
O camaleão com a cara muito séria respondeu:
-Isso mesmo, você precisa aprender que temos que valorizar os amigos, e se continuar com essas traquinagens de mal gosto, tem a chance de perder a amizade, confiança dos outros e ficar sozinho.
Ao ouvir estas palavras, Guby foi para casa muito arrependido, e chegando, jogou fora todos os seus objetos que usava para fazer pegadinhas. No dia seguinte ele foi direto para as criaturas da floresta e disse:
-Me perdoem por tudo o que eu fiz para vocês, ninguém merecia isso, e para provar o meu arrependimento, peguei amoras para vocês. Espero que aceitem minhas desculpas.
Todos ficaram surpresos ao ver aquela enorme cesta de amoras, Blue pegou uma grande e suculenta e jogou em Guby. Todos começaram a rir e o duende também, e uma guerra de amoras se formou. Naquele momento o duende percebeu que as brincadeiras têm que ser divertidas para todos e não só para ele.
A partir desse dia Guby nunca mais fez brincadeiras de mal gosto na floresta, e passou a se divertir junto com seus novos amigos.
Uma noite entre as estrelas
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